25/01/1942 - 05/01/2014
Fonte: Voz da Rússia
«Rússia chora com Portugal a morte de Eusébio
A notícia da morte de Eusébio tocou muitas pessoas que conheceram pessoalmente o famoso jogador de futebol português. Entre eles estão numerosos desportistas russos que compartilharam as suas memórias com agências de informação russas.
Em entrevista ao correspondente da Itar-Tass, Murtaz Khurtsilava, antigo capitão do Dinamo de Tbilisi e da seleção da URSS, participante em dois campeonatos do mundo (1966 e 1970), considerou que o falecimento de Eusébio é uma perda irreparável para o futebol mundial. Ele transmitiu condolências ao povo de Portugal e a todo o mundo futebolístico:
“Em 1966, na Inglaterra, durante o Campeonato do Mundo, a seleção da URSS defrontou a seleção de Portugal num jogo pelo terceiro lugar (1:2). Esse jogo foi um verdadeiro espetáculo de futebol realizado por ambas as equipas, mas ficou particularmente na memória o jogo extraordinariamente bonito e o comportamento de Eusébio. Ele era um virtuoso do futebol, um jogador muito técnico e bem educado, e nós, futebolistas, olhávamos com respeito para adversários como esse.”
Portugal decreta três dias de luto nacional pela morte de Eusébio.
O entrevistado pela Itar-Tass jogou outra vez contra Eusébio em 1971 em Moscou, no jogo de despedida do lendário guarda-redes Lev Yashin:
“Então, defrontaram-se as seleções do mundo e dos clubes Dinamo da União Soviética: Moscou, Kiev, Tbilisi e Minsk. Esse jogo terminou com o empate de 2:2 e Eusébio provocou novamente uma muito boa impressão”, acrescentou ele.
Depois do jogo em Moscou, durante o banquete, Khurtsilava viu-se sentado à mesa em frente do português.
“Fiquei impressionado com a simplicidade de Eusébio, pois ele era um dos melhores jogadores do mundo de então”, recordou.
Viacheslav Koloskov, presidente honorário da União de Futebol da Rússia, que dirigiu o futebol nacional durante muitos anos, também conheceu bem Eusébio. Ele compartilhou as suas impressões com o sítio eletrônico NTV.ru:
“Eusébio era um símbolo para Portugal como Pelé é para o Brasil, Beckenbauer para a Alemanha ou Cruijff para a Holanda. Ele era muito amigo de Lev Yashin, que foi meu assessor da Direção de Futebol da URSS, visitou-nos várias vezes. A simplicidade era a primeira coisa que saltava aos olhos. Não obstante a sua glória mundial, o português era muito humilde e pessoa sem caprichos. Quando um ou outro antigo futebolista lhe pedia ajuda, ele ia de boa vontade ao encontro. Não foi por acaso que, nos últimos tempos, se dedicou à beneficência.
Eu vi Eusébio no ano passado numa das finais de competições europeias. Ele tinha mudado muito, via-se que estava doente. Mas, mesmo nesse estado, era rodeado por numerosas pessoas que se aproximavam para o cumprimentar. Pois ele era uma lenda do futebol mundial...”.
Serguei Yuran, antigo ponta de lança do Benfica e da seleção da Rússia, compartilhou também as suas emoções numa entrevista à Itar-Tass.
“Significa muita coisa quando se erige um monumento a uma pessoa durante a vida. À frente do estádio do Benfica, foi construído um monumento a Eusébio. Por isso não vale a pena comentar. A sua morte é uma grande perda não só para o futebol português, mas também mundial.
Eu tive muito boas relações com ele. Eusébio dava-se bem com os jovens jogadores estrangeiros, o que é uma grande raridade. Alexander Mostovoi e Vassili Kulkov, que também jogaram no Benfica, podem confirmar isso. Ele participava frequentemente conosco nos treinos. Recordo-me quando tomávamos banho depois dos jogos... Eusébio estava sempre pronto a apoiar, a defender o jogador da crítica da imprensa, por exemplo. E também na Rússia gostavam muito de Eusébio, pois o seu caráter era semelhante ao dos russos: aberto, amigo, sempre pronto a dar um conselho”.»
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