sábado, 13 de agosto de 2016

FIDEL 90

«Cuba
Tem 90 anos o homem que quiseram matar 634 vezes

IVETE CARNEIRO com agências
Hoje às 10:44, atualizado às 11:35

Havana assinala este sábado o aniversário do líder histórico Fidel Castro, que usou a sua última aparição pública, em abril, para se despedir.

Tentaram assassiná-lo 634 vezes - contas do seu ex-chefe de informação, Fabian Escalante - e deram-no como morto muitas outras. Mas Fidel Castro, o guerrilheiro que viu uma pomba branca pousar-lhe no ombro quando proclamava o triunfo da revolução, em 1959, sempre se deu como o homem dos impossíveis.
O antigo líder cubano sobreviveu ao séc. XX, a dez presidentes norte-americanos, ao definhamento, entrou pelo séc. XXI e completa hoje 90 anos, num país que ainda o celebra como ícone e mito apesar de ter entregue o poder ao irmão Raul há já dez anos. "Tenho um colete moral. É duro. Sempre me protegeu". disse, quando lhe perguntaram se vivia num colete à prova de bala.

Fidel Castro deixou de ser imortal em abril, a pedido do próprio. Foi a sua última aparição pública, no congresso do Partido Comunista Cubano (PCC). Pareceu despedir-se. "Talvez esta seja a última vez que falo nesta sala. Em breve cumprirei 90 anos, não em resultado de nenhum esforço, mas por capricho do destino. Sou como todos os demais: também chegará a minha hora".

Nada que impeça o histórico líder de marcar passo na nova história de Cuba: a imagem de inimigo do "império" americano mantém-se intocada. Em março, depois de o Presidente dos EUA visitar Cuba e marcar oficialmente a reaproximação após 50 anos de ódio, Castro foi Fidel: pediu aos cubanos para não se deixarem enganar pelas "palavras doces" de Barack Obama, para não esquecerem a inimizade entre a ilha e o continente, para não passarem por cima da tentativa de invasão de Cuba na Baía dos Porcos, em 1961.

Discreto quanto à intimidade, Castro é: sedutor, amargo, egoísta, egocêntrico, visionário, louco, ditador, impulsionador. É uma coisa e o seu contrário, segundo as inúmeras descrições que deles se fazem, conforme a fação de onde vêm. Transformou Cuba num dos sistemas de saúde mais respeitados do mundo, mas falhou na tentativa de fazer da ilha uma produtora queijo de nível mundial por falta de... vacas. Prendeu colaboradores críticos e dissidentes. Enviou 386 mil homens para pontos do mundo onde a Guerra Fria se incendiava, como Angola, a Etiópia, o Congo... Foi a inspiração de movimentos revolucionários e independentistas por todo o mundo.

Hoje, Cuba deseja-lhe mais anos além dos 90, a ele que acusa muito o peso da História: a barba negra com que entrou em Havana em 1959 fez-se cinza e já não exibe o eterno Cohiba e o uniforme militar verde deu lugar a um fato de treino azul. "Permanecermos fiéis às ideias pelas quais lutou ao longo da sua vida", afirmou o número dois do PCC, José Ramón Machado Ventura, a 26 de julho, Dia da Rebeldia Nacional. Fazia 63 anos que Fidel Castro tentara tomar o quartel da Moncada, na primeira investida contra o regime de Fulgêncio Batista. "O espírito de resistência", "a fé na vitória incutida pelo exemplo" e "o pensamento dialético" do líder histórico cubano serão mantidos "sempre vivos", garantiu Machado Ventura.»

Fonte: JN

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