terça-feira, 9 de agosto de 2016

O IRREVOGAVEL

«Irrevogavelmente, uma missão e pêras
08/08/2016 por João Mendes

Terminada a sua visita ao México, no final de 2014, Paulo Portas descrevia o périplo como “uma missão e pêras”. Vários contratos assinados entre empresas portuguesas e mexicanas, entre elas a “infame” JP Sá Couto, tão criticada pela direita pela ligação aos executivos Sócrates, ou a actual empregadora do então vice-primeiro-ministro, a Mota-Engil, coroavam a iniciativa que culminou na condecoração de Portas pelo governo mexicano.

Dois anos volvidos, e já como consultor da Mota-Engil, com quem já se havia cruzado numa outra viagem oficial ao México em 2013, ficamos ontem a saber que os dotes de consultor de Paulo Portas são mesmo muito apreciados do outro lado do Atlântico, após ser revelado que o antigo líder do CDS-PP irá acumular o trabalho de consultor na construtora portuguesa com funções idênticas na petrolífera mexicana Pemex, uma empresa com um endividamento a rondar os 87 mil milhões de dólares que apresentou prejuízos na casa dos 40 mil milhões de dólares em 2015.
Num momento em que a sociedade portuguesa se indigna com os presentes da Galp, inadmissivelmente aceites por três secretários de Estado que já teriam sido afastados do governo, não vivêssemos numa república das bananas, comove-me o previsível silêncio que se irá seguir lá para os lados do Caldas, que ainda por estes dias pediu – e bem – a demissão de Rocha Andrade. Receber prendas de empresas privadas, quando o feliz contemplado é um governante em funções, é reprovável e não pode passar impune. Já um ex-ministro que, para além das coincidências que gravitam em torno da sua contratação pela Mota-Engil, meio ano após abandonar funções governativas, é agora presenteado com um simpático job numa empresa estatal de um país para onde viajou por duas vezes durante o seu mandato, tendo até apadrinhado um acordo entre essa mesma empresa e a Galp para a “partilha de informação e/ou desenvolvimento de projetos“, cujo o conteúdo é confidencial e só será revelado em 2026, é perfeitamente normal. Promiscuidade não é coisa que assista ao CDS-PP. Que o digam o Parque Expo e o incontornável Jacinto Leite Capelo Rego

Fonte: Aventar

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