Virgínia Moura nasceu, em São Martinho do Conde - Guimarães, no dia 19 de Julho de 1915. Filha de uma Professora Primária e de um Oficial do Exército, conheceu, desde cedo, o estigma pelos seus pais não serem casados. Foi a primeira mulher a licenciar-se em Engenharia Civil, na Universidade do Porto, depois de ter frequentado o curso de Matemática e a Faculdade de Letras. Aderiu ao Partido Comunista Português, aos 18 anos. Foi uma lutadora antifascista e uma defensora dos direitos das mulheres.
A PIDE prendeu-a por 16 vezes. Humilhou-a e torturou-a.
Soares Novais escreve sobre ela em "SINAIS DE FOGO – VIRGÍNIA MOURA":
"Fraternal e firme, lutadora incansável na luta pela Liberdade e pelos direitos das mulheres, Virgínia Moura foi uma mulher inteira. Participou em campanhas pela Democracia, pela Liberdade e pela Paz. A seu lado teve sempre António Lobão Vital – companheiro de uma vida e seu (e)terno cúmplice
Teixeira de Pascoaes considerou-a “uma força da natureza” ; e Ferreira de Castro “uma das corajosas mulheres que muito tem sofrido por amor ao povo”. São dois retratos impressivos daquela que foi a primeira engenheira civil portuguesa, que também cursou Matemáticas e frequentou a Faculdade de Letras de Coimbra.
A 26 de Abril de 1974, Virgínia Moura entrou na PIDE do Porto e ali exigiu e saudou a libertação dos presos políticos. Um deles teve um ataque de epilepsia e abraçou-a de tal maneira que foi necessária a intervenção do médico Strecht Monteiro para os separar.
O registo do momento foi fixado pelas objectivas dos repórteres-fotográficos. A preto e branco. Mas o sorriso largo de Virgínia Moura dá cor às fotos que assinalam a sua entrada livre numa casa onde sofreu os maiores horrores.
Mulher culta, Virgínia Moura colaborou com “O Diabo”, de Lisboa; “O Pensamento”, do Porto; e “O Trabalho”, de Viseu. Assinava os seus escritos como “Maria Salema”– o pseudónimo com que fintou a polícia política e os censores. Promoveu, ainda, a criação da Revista “Sol Nascente” e organizou conferências com as participações de Maria Lamas, Teixeira de Pascoaes e Maria Isabel Aboim Inglês.
Virgínia Moura morreu no dia 19 de Abril de 1998 e a sua urna foi acompanhada por milhares de mulheres e homens do Porto, que sabiam ter na “senhora engenheira” uma Amiga.
Agraciada com a Ordem da Liberdade, com a Medalha de Honra da Câmara Municipal do Porto e com a Medalha de Honra do Movimento Democrático de Mulheres, Virgínia Moura continua a caminhar ao lado daqueles que amam a Liberdade e a Justiça Social.
A nós compete-nos honrar o seu exemplo.
E (re)escutar os seus avisos.
Agora, mais do que nunca.
Os vampiros estão aí.
Travestidos de democratas."
Foto - Virgínia Moura com o seu companheiro António Lobão Vital.
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