sexta-feira, 17 de junho de 2022

CHE GUEVARA

Ernesto Guevara de la Serna “Che Guevara”Nasceu a 14 de junho de 1928 e foi assassinado a 9 de outubro de 1967

«Eu... já não sou eu. Pelo menos, não sou o mesmo eu interior.»

Este episódio que vos conto passou-se a 14 de junho de 1952. Há 70 anos.

 No seu último dia na colónia de leprosos (San Pablo, Peru), coincidentemente no seu dia de aniversário, durante a celebração que lhe prepararam, Ernesto Guevara (Che), expressou a sua gratidão pela forma como ele e o seu amigos Alberto Granado foram acolhidos nesta instância. Envolto por toda a sua recente vivência em vários países na América do Sul (1951/1952), neste dia de 14 de junho de 1952 não deixou de apelar, aos presentes, à unidade dos povos da América Latina. Embora fosse argentino, adquiriu uma preocupação com todos os países da América Latina, e acreditava que a união destes era fundamental para acabar com a pobreza existente, dizendo: (…) «acreditamos, e depois desta viagem com mais firmeza do que antes, que a divisão da América em nacionalidades incertas e ilusórias é completamente fictícia.

Constituímos uma única raça mestiça que, do México ao Estreito de Magalhães, apresenta notáveis semelhanças etnográficas. Por isso, tentando livrar-me de qualquer fardo de provincianismo coercivo, brindo ao Peru e à América Unida.» (…)


Esta viagem foi uma longa jornada com diversos momentos e situações singulares, foi um período de crescimento e tomada de consciência muito importante, daquele que viria a tornar-se num revolucionário e símbolo da luta anti-imperialista. Não é por acaso, que mais tarde ele mesmo, o Che, afirma que a pessoa que está a polir as suas reflexões, já não é a mesma. (…) «este vaguear sem rumo pela nossa imensa América mudou-me mais do que pensei. Eu... já não sou eu. Pelo menos, não sou o mesmo eu interior.»


Demonstra-se assim que estava na forja “um” Homem Novo mas, também a sua própria conceção de “Homem Novo”. Conceção assente na sua própria vivência, no seu exemplo de total dedicação ao trabalho, aos estudos e à política. 

Exemplo este dado nesta noite de 14 de junho de 1952, na noite de seu aniversário, quando Ernesto opta por atravessar a nado o rio para comemorar tanto com os leprosos quanto com os saudáveis. É importante recordar que essa colónia de leprosos onde permaneciam (San Pablo, Peru), era dividida pelo rio Amazonas, e numa margem encontravam-se os saudáveis (equipa médica e auxiliares) e na outra os leprosos. 

Descrever este episódio de um Ernesto asmático a atravessar a nado o rio Amazonas para celebrar também com os leprosos o seu aniversário, pode parecer uma tentativa de o glorificar e de o tornar num mito, mas não é. Este episódio realmente aconteceu. Há exatamente 70 anos. A 14 de junho de 1952.

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