quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

2014 REVISTO

Resumo 2014
«1. Ano marcado pela propaganda em torno da saída da troika mas, que nos mostrou que no chamado pós-troika nada de substantivo mudou.

2. Mais uns milhares de portugueses foram empurrados para a emigração forçada, outros tantos viram-se arrastados para um situação de pobreza e desemprego.

3. Ano em que a dívida voltou a aumentar. Atingiu os 134% do PIB, um dos valores mais altos do mundo, em que o país gastou só em juros mais do que aquilo que o país gasta no Serviço Nacional de Saúde.

4. Um ano marcado por um caos nunca visto na abertura do ano lectivo. Por um caos nunca visto na justiça.

5. Um ano que continuou o assalto ao património do estado, depois dos anéis já são os dedos que se vão. O caso da PT deixa bem à vista o que são as consequências desastrosas da privatização de empresas públicas estratégicas mas, apesar disso este governo avançou para mais privatizações, concretizou umas e anunciou outras. Resta-nos a consolação da certeza de que tudo o que estão a retirar ao país lhe pode ser devolvido, eu diria, lhe tem de ser devolvido, assim tenhamos um governo capaz de o fazer. Não é um governo que discuta se é para privatizar tudo ou só metade, a discussão que por estes dias entretém PS e PSD. É um governo que perceba que o país precisa destas empresas, e que estas empresas têm mesmo de ser devolvidas ao país.

6. Este foi um ano marcado pela implosão do BES e do respectivo grupo, um império construído à sombra dos governos das últimas décadas. Resultado: mais uns milhares de milhões de euros de dinheiros públicos enterrados na banca privada e mais um rude golpe na economia nacional.

7. 2014 foi marcado por vários casos de corrupção uns julgados outros em investigação. Casos ligados à esfera do poder e aos partidos que o tem exercido nos últimos anos, um inquietante sinal do que é a crescente fusão entre o poder económico e o poder político.

8. Felizmente nem tudo foi mau em 2014. Este foi um ano de muitas lutas. Lutas que nos mostraram que o nosso povo tem a força bastante para dar uma grande volta a isto. Lutas vitoriosas algumas delas, pelas 35 horas de trabalho semanal, pelo trabalho com direitos, pelo aumento dos salários e do salário mínimo nacional. Pelos serviços públicos, entre muitas outras enfim, tudo somado temos aí um grande sinal de esperança e de confiança num futuro melhor.

9. Celebrámos os 40 anos do 25 de Abril e 40 anos depois os valores de Abril o programa de desenvolvimento que ainda hoje está consagrado na nossa Constituição, afirmam-se como poderoso factor de mobilização pela transformação do país.

10. Tivemos eleições para o Parlamento Europeu com uma estrondosa derrota dos partidos do governo mas, com um outro resultado interessante, é que os partidos do tradicional arco da dívida aqueles que se têm alternado no poder na já habitual dança de cadeiras, PS, PSD e CDS têm um dos resultados mais baixos de sempre. Ao mesmo tempo: crescimento da CDU. O melhor resultado das últimas duas décadas, mostrando que existem alternativas ao rotativismo, assim os portugueses as queiram construir já em 2015, ano de eleições legislativas.

11. A fechar o ano uma boa notícia que a Antena 1 muito justamente projectou o Cante Alentejano elevado a património da humanidade ... 

12. E Luís, já não teremos tempo para o internacional haveria várias coisas a destacar, passando pela notícia de ontem da libertação dos presos Cubanos nos Estados Unidos, passando pela Ucrânia também onde recrudescem e chegam ao governo, enfim,  por via de um golpe de estado forças assumidamente neo-fascistas, uma grande preocupação.

E resta-me desejar a todos os ouvintes a toda a equipa da Antena 1, umas Festas Felizes e um 2015 que seja melhor do que o ano que agora chega ao fim.»

Pelo deputado do Parlamento Europeu do Partido Comunista Português, João Ferreira, no programa da Antena 1, "Conselho Superior".

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