segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

VENEZUELA MUDANÇA DE RUMO

«Venezuela, vitória de que democracia?
JOSÉ PEDRO NAMORA·SEGUNDA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2015

A Venezuela mostrou ontem – ao contrário do que se há canonizado –que a democracia com economia e meios de comunicação em mãos privadas não existe. É lamentável, porém não pode avançar uma revolução social com o poder real nas mãos da oligarquia.
Com a comunicação social e os poderes económicos contra, é impossível manter um governo que favoreça o povo. O pior do revés da Revolução Bolivariana não está sequer na derrotas nas urnas, o que era praticamente certo, mas sim no discurso de certa esquerda que segue o jogo dos conceitos que nos são impostos pelos grandes circuitos globais, nomeadamente, o conceito de democracia vigente nos EUA.

Gritam que ganhou a democracia, quando na realidade o que ficou demonstrado foi que é impossível exercer a democracia; a democracia eleitoralista só serve a direita, a esquerda não pode governar com ela rodeada de poderes fácticos económicos e mediáticos nas mãos de uma minoria antidemocrática.
Agora muitos culpam Maduro, mas o voto do povo não foi para castigar uma gestão deficiente. Foi antes um voto de suposta salvação, de alívio, ante uma prolongada angústia na vida quotidiana; Maduro não teve uma gestão deficiente, teve uma missão impossível.
A maquinaria mediática internacional culpa Maduro e o governo, contrapõe-no ao de Chávez, tratando de fazer-nos crer que Maduro é o vilão, o incapaz, quando na verdade a luta foi titânica. Como impedir uns meios ferozes tergiversando, desinformando, caluniando sem piedade nem ética?
Como controlar uma economia que está em poder das oligarquias? Como enfrentar a situação económica se os organismos económicos internacionais são parte desse jogo?
Estas eleições decorreram em paz porque a oposição sabia que tinha muitas possibilidades de ganhar. A campanha de não reconhecer os resultados e de sair para armar barricadas nas ruas foi usada antes para conseguirem o seu objectivo, o medo.
A não ser os de maior consciência, qualquer cidadão que passa meses em filas infinitas, vendo como os preços disparam astronomicamente e como desaparecem os alimentos, e se ainda por cima lhe asseguram que virão dias de muita violência se ganha o chavismo, vota contra si, para ver se chega um pouco de paz à sua vida.
Isso é democracia? Ter que votar não por um projecto, mas por medo das consequências da guerra desencadeada pela oposição?
O canal de televisão Rusia Today denunciava o orçamento de 18 milhões de dólares de financiamento dos Estados Unidos para a guerra contra a Venezuela, três dos quais especificamente para as eleições, a que se soma a sabotagem económica e a guerra mediática, e nós chamamos ao efeito de tudo isso democracia.

Artigo escrito por Iroel Sánchez e traduzido por Pedro Namora.»

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