sexta-feira, 21 de julho de 2017

CÂMARA, CÂMERA, MÁQUINA

Máquina, câmara ou câmera fotográfica: qual a expressão correcta?

É bastante comum ouvirmos, lermos – ou dizermos! – a expressão “máquina fotográfica”, assim como “câmera” ou “câmara”. Serão sinónimos ou estaremos a cair numa armadilha da linguagem? É óbvio que não somos todos fotógrafos profissionais, muito menos será esse o motivo que nos impede de passar a mensagem. Mas é sempre curioso (e útil), esclarecer estas pequenas grandes questões, especialmente quando gostamos de fotografia. Vamos a isso!

E porque é que eu não devo dizer “máquina”, afinal?!?

A “máquina fotográfica” nada tem de máquina: todos os seus componentes são úteis para o fotógrafo, mas não formam a imagem. Esta “constrói-se” como nas mais antigas câmeras obscuras, por simples regras ópticas que a luz conhece desde sempre.

Eliminando, então, o termo “máquina” ou até mesmo “aparelho” porque etimologicamente designam “aparelhos ou instrumentos para comunicar movimento ou transformar formas de energia, entre outras acções, …”, vamos analisar os termos Câmera ou Câmara na Fotografia.

Câmera VS Câmara

As duas palavras têm a mesma origem (gr kamára lat camera) tendo a palavra latina evoluído para dois étimos (camara e camera). Posteriormente a opção câmera foi reforçada pelo uso da  camera obscura  compartimento fechado, ou quase fechado com uma abertura pela qual raios luminosos provenientes de objetos exteriores são captados…” e pela influência da palavra inglesa camera.

No entanto nunca existiu oficialmente um verdadeiro consenso científico ou oficial sobre a sua utilização pelo que a grafia foi derivando em função da forma falante, podendo assim serem consideradas formas gráficas variantes, ambas corretas.

A Comissão Técnica CT174, optou na sua versão do Vocabulário de Termos e Designações para a Fotografia (Norma NP 4459:versão 2015) pela grafia “câmera”, já que é portuguesa, usada nos Palop e, foneticamente, de uso quase universal.

Conclusão

A palavra “câmera” (podia ser “câmara”) foi adoptada pela norma portuguesa por ser mais usual no Brasil, por ser mais parecida com o termo usado na língua inglesa e por ser legítima na língua portuguesa.

 Augusto Moraes Sarmento – Fundador e Presidente da Direcção do IPF

António Manuel Morais – ISO CT174 Fotografia

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