sábado, 12 de setembro de 2020

HOMENAGEM AO POVO DO CHILE

HOMENAGEM AO POVO DO CHILE - 11 de Setembro de 1973

Por José Carlos Ary dos Santos


Foram não sei quantos mil

operários trabalhadores

mulheres ardinas pedreiros

jovens poetas cantores

camponeses e mineiros

foram não sei quantos mil

que tombaram pelo Chile

morrendo de corpo inteiro

Nas suas almas abertas

traziam o sol da esperança

e nas duas mãos desertas

uma pátria ainda criança


Gritavam Neruda Allende

davam vivas ao Partido

que é a chama que se acende

no Povo jamais vencido

– o Povo nunca se rende

mesmo quando morre unido


Foram não sei quantos mil

operários trabalhadores

mulheres ardinas pedreiros

jovens poetas cantores

camponeses e mineiros

foram não sei quantos mil

que tombaram pelo Chile

morrendo de corpo inteiro.


Alguns traziam no rosto

um ricto de fogo e dor

fogo vivo fogo posto

pelas mãos do opressor.


Outros traziam os olhos

rasos de silêncio e água

maré-viva de quem passa

Uma vida à beira-mágoa.


Foram não sei quantos mil

operários trabalhadores

mulheres ardinas pedreiros

jovens poetas cantores

camponeses e mineiros

foram não sei quantos mil

que tombaram pelo Chile

morrendo de corpo inteiro.


Mas não termina em si próprio

quem morre de pé. Vencido

é aquele que tentar

separar o povo unido.


Por isso os que ontem caíram

levantam de novo a voz.

Mortos são os que traíram

e vivos ficamos nós.


Foram não sei quantos mil

operários trabalhadores

mulheres ardinas pedreiros

jovens poetas cantores

camponeses e mineiros

foram não sei quantos mil

que nasceram para o Chile

morrendo de corpo inteiro.

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