sábado, 20 de fevereiro de 2021

RICOS

 Pandemia faz as maiores fortunas do planeta dispararem

Os 20 indivíduos mais ricos do mundo acumularam 1,77 trilhão de dólares no final de 2020, 24% a mais que um ano antes. O primeiro brasileiro na lista de bilionários é Jorge Paulo Lemann

O coronavírus enxugou as economias de milhões de famílias, mas não as dos mais ricos. O ano terminou com lucros para a imensa maioria deles, já que apenas 3 das 20 pessoas mais ricas de planeta viram sua fortuna diminuir neste ano. No seu conjunto, esse grupo de bilionários chegou ao final de 2020 com um patrimônio conjunto que soma 1,77 trilhão de dólares (8,83 trilhões de reais, aproximadamente o valor do PIB brasileiro). A cifra é 24% superior à de um ano atrás, segundo o índice Bloomberg. O espanhol Amancio Ortega (Inditex) perdeu 7,3 bilhões de dólares no ano e deixou o top 10, onde o francês Bernard Arnault (LVMH) é agora a única exceção em uma lista dominada por norte-americanos.

Como já acontecesse em 2019, Jeff Bezos continua um ano mais à frente da lista dos maiores bilionários do mundo, empurrado pelos espetaculares resultados da Amazon no ano da pandemia. Sua empresa foi uma das mais beneficiadas pelo confinamento, pois o uso do comércio digital disparou em meio às restrições de mobilidade, levando suas ações na Bolsa a acumularem um rendimento de 75% no ano, e seu valor de mercado subir a 1,6 trilhão de dólares. Segundo os resultados da medição da Bloomberg, Bezos, de 56 anos, possui um patrimônio de 193,7 bilhões de dólares ― um trilhão de reais. Sua fortuna teve um crescimento de 78,9 bilhões (68,7%) ao longo dos últimos doze meses.

Atrás do magnata das compras virtuais situa-se Elon Musk, fundador e diretor geral da SpaceX e Tesla, cujo valor em Bolsa atingiu 100 bilhões de dólares em dezembro, permitindo que o empresário de origem sul-africana pudesse se gabar de um patrimônio de 160,7 bilhões de dólares. Mas Musk praticamente não tem rivais quando se trata de avaliar a lucratividade de 2020 para suas finanças pessoais: 133 bilhões de dólares (a soma mais alta de toda a lista), o que representa um aumento de 482% na sua fortuna. Entra assim na lista dos 20 mais ricos, onde não figurava no ano passado, já diretamente na segunda posição.

O terceiro degrau nesse pódio dourado é de Bill Gates, com um patrimônio de 131,5 bilhões de dólares. Para chegar a essa cifra, o filantropo norte-americano, dedicado com sua mulher à direção da fundação que leva seus nomes, acrescentou mais 18,4 bilhões (16,3%) ao seu patrimônio ao longo do ano.

Mas não é Musk que protagoniza a ascensão mais fulgurante em termos percentuais entre os 20 mais ricos. Esse posto cabe ao chinês Zhon Shanshan, um nome praticamente desconhecido um ano atrás, que multiplicou sua fortuna quase por 11 em 2020. A abertura de capital da Nongfu, que engarrafa a água mineral mais vendida da China, catapultou a fortuna desse ex-jornalista, que agora é o homem mais rico do seu país. Desde 1º de janeiro do ano passado, Shanshan ganhou quase 68 bilhões, 997% a mais do que tinha. Sua riqueza é estimada agora em 74,6 bilhões de dólares, o que o situa no 13º lugar, logo acima do espanhol Amancio Ortega, dono da rede de lojas Zara.

As atividades de Ortega foram duramente afetadas pelas medidas de contenção da pandemia na Espanha, levando-o a cair da 6ª para a 14ª colocação, com um patrimônio de 68,2 bilhões de dólares, ou 7,3 bilhões (9,7%) a menos que um ano atrás. A obrigatoriedade de fechar as lojas por causa do confinamento levou a Inditex a acumular prejuízos de 195 milhões de euros (1,23 bilhão de reais) durante o primeiro semestre, o que se refletiu na fortuna do empresário. Sua filha Sandra Ortega, que herdou a parte da Inditex que pertencia à sua mãe, Rosalía Mera, é a única outra espanhola que aparece entre as 500 pessoas mais ricas do planeta.

De volta à classificação das 20 maiores fortunas, também perde posições o único representante latino-americano da lista, o mexicano Carlos Slim, cujo patrimônio é avaliado hoje em 56,7 bilhões de dólares. O presidente da Telmex perdeu nove posições e ocupa o 20º lugar do ranking, quando em 2019 tocava com os dedos o top 10.

Menos mulheres, mais asiáticos

A classificação neste ano está mais masculina, já que apenas três mulheres se posicionam entre as 20 maiores fortunas mundiais (frente a quatro em 2019). A francesa Françoise Bettencourt Meyers é a mulher mais rica do planeta, posição ocupada durante anos por sua mãe, Lilianne Bettencourt, que morreu em 2017. Dona do império de cosmética L’Oréal, ela acumula 76,3 bilhões de dólares, quase 30% a mais que um ano atrás, depois de ganhar 17,3 bilhões em 2020. Isso a situa na 12ª posição, uma acima do ano passado, mas a primeira mulher em toda a lista. Julia Flesher Koch (viúva do magnata David Koch e herdeira de sua parte nas Koch Industries) saiu do top 20 depois de aparecer na 10ª posição no ano passado. Também Jacqueline Badger Mars, herdeira da homônima fábrica de chocolates, fica de fora neste ano.

Quem aparece na 17ª colocação é Alice Walton (Walmart), com uma fortuna de 62,4 bilhões de dólares (18% a mais), justamente uma posição à frente de MacKenzie Scott, ex-mulher de Jeff Bezos. No divórcio, Scott (que deixou de usar o sobrenome Bezos) ficou com 4% da Amazon, empresa da qual foi cofundadora. A boa fase do gigante do comércio on-line lhe rendeu enormes dividendos, e sua fortuna cresceu em 22,7 bilhões. Ela respondeu multiplicando suas doações a causa beneficentes.

Uma presença que cresce entre os 20 indivíduos mais ricos é a dos asiáticos, que passaram de dois em 2019 para três em 2020. O chinês Zhon Shanshan (do ramo de bebidas) tem a companhia, na 19º posição, de seu compatriota Huang Zheng (conhecido nos EUA como Colin Huang). A empresa que fundou há meia década, a Pindoduo, estourou no ano passado com a ideia de aproveitar o vazio deixado pelas grandes empresas de comércio eletrônico na China rural. E com isso sua fortuna cresceu em 39 bilhões de dólares (199%) para alcançar atualmente os 58,6 bilhões. Mas é de um indiano, Mukesh Ambani, presidente e maior acionista do conglomerado de hidrocarbonetos e telecomunicações Reliance Industries, a maior fortuna do continente. Depois de ver sua riqueza crescer mais de 30%, Ambani acumula 76,4 bilhões de dólares e fica a apenas uma posição de entrar para o top 10.

O primeiro brasileiro da lista é Jorge Paulo Lemann na 66ª posição, com patrimônio de 23,8 bilhões de dólares e aumento de 252 milhões em relação a 2019. Outros oito brasileiros figuram entre os 500 mais ricos, sendo quatro da família Moreira Salles. São eles: Eduardo Saverin (14,8 bilhões), Jorge Moll (14, 3 bilhões), Marcel Telles (11,3 bilhões), Carlos Sicupira (10 bilhões), Pedro Moreira Salles (5,67 bilhões), João Moreira Salles (5,23 bilhões), Fernando Moreira Salles (5,23 bilhões) e Walter Salles (5,23 bilhões).


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