domingo, 27 de junho de 2021

RPD COREIA VS EUA

Por Rui Miguel Torres

Seis soldados estadunidenses que desertaram das Forças Armadas dos Estados Unidos e decidiram permanecer na Coreia do Norte após o fim da Guerra da Coreia posam para uma foto, em 1º de Janeiro de 1954. No caminhão atrás deles, junto a bandeiras da Coreia do Norte e da União Soviética, vê-se uma faixa com a inscrição "Ficaremos Pela Paz".

Ao todo, 21 soldados dos Estados Unidos, todos ex-prisioneiros de guerra, decidiram permanecer na Coreia do Norte após a assinatura do armistício que encerrou o conflito, em 27 de Junho de 1953. Já liberados, os soldados foram mantidos na zona neutra de Panmunjom, onde tiveram um período de 90 dias para reflectir sobre a decisão. Os oficiais estadunidenses fizeram repetidos apelos e utilizaram-se de súplicas dos familiares em cartas para convencer os soldados a mudarem de ideia. Dois foram convencidos a retornar para os Estados Unidos - e punidos severamente por terem cogitado a deserção. Os dois foram submetidos à corte marcial por deserção e colaboração com o inimigo e condenados respectivamente a 20 e 10 anos de reclusão.

A decisão dos soldados que resolveram permanecer na Coreia deixou a imprensa, políticos e militares estadunidenses estarrecidos. Jornalistas especulavam que os soldados teriam sofrido lavagem cerebral ou desenvolvido demência, ou apostavam em motivos como alcoolismo ou mesmo "baixo Q.I." para justificar as acções.

Os motivos aparentemente, foram bem mais racionais do que os estadunidenses gostariam de admitir. Alguns parecem ter desenvolvido um olhar mais crítico sobre os Estados Unidos durante a guerra, ou simpatizaram com o ideário de igualdade da nação socialista. Outros estavam simplesmente com medo de voltar para casa. Um deles, afro-americano, disse durante uma entrevista concedida muitos anos depois que o motivo de ter ficado na Coreia do Norte foi a percepção de que nesse país sofreria menos com o racismo do que na sua terra-natal.

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