Natal de Luís de Camões
Dos Céus à Terra desce a maior Beleza,
Une-se à nossa carne e fá-la nobre;
E sendo a humanidade dantes pobre,
Hoje subida fica à maior alteza.
Busca o Senhor mais rico a maior pobreza;
Que como ao mundo o seu amor descobre,
De palhas vis o corpo tenro encobre,
E por elas o mesmo Céu despreza.
Como? Deus em pobreza à terra desce?
O que é mais pobre tanto lhe contenta,
Que este somente rico lhe parece.
Pobreza este Presépio representa;
Mas tanto por ser pobre já merece,
Que quanto mais o é, mais lhe contenta.
Referência:
LÍRICA de Natal. São Paulo: Refaga, 1963. p. 16.
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