sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

URSS

30 de Dezembro de 1922: Vladimir Ilitch Ulianov, Lenine, proclama a fundação da URSS

Em 30 de dezembro de 1922, é fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), incluindo a Rússia, a Ucrânia, a Bielorússia, repúblicas da Ásia Central e a Transcaucásia (subdividida em 1936 nas repúblicas da Geórgia, Armênia e Azerbaijão). O poder central estabelecido em Moscou passa a comandar todos os órgãos da imensa nação soviética. O governo socialista instaura a “ditadura do proletariado” e se atribui a missão de destruir as antigas classes dominantes, a burguesia e a aristocracia.

Politicamente, a URSS esteve formada, de 1940 a 1991, por 15 repúblicas constituídas ou autónomas - Arménia, Azerbaijão, Bielorússia, Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguízia, Letónia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcoménia, Ucrânia e Uzbequistão – aparentemente agrupadas numa união federativa. Entretanto, até ao final da União Soviética, as repúblicas tinham realmente pouco poder. A Rússia - oficialmente, República Socialista Federal Soviética Russa (RSFSR) - era apenas uma das repúblicas constituintes, apesar de os termos “Rússia”, “URSS” e “União Soviética” serem utilizados nos noticiários indistintamente.

A União Soviética foi o primeiro Estado erigido com base no socialismo científico marxista e o primeiro Estado proletário da História. Até 1989, o Partido Comunista controlou indirectamente todos os níveis de governo; o Politburo efectivamente governava o país e o seu secretário-geral era o líder mais poderoso da nação. A economia soviética, propriedade do Estado, era dirigida centralizadamente pelos membros da máquina estatal que elaborava os planos de desenvolvimento. A agricultura era dividida em três tipos de propriedade: propriedades  estatais (sovkhozes), propriedades colectivas (kolkhozes) e pequenos lotes de propriedade privada.

A URSS foi o Estado que sucedeu ao império czarista russo e ao governo provisório de curta duração chefiado por Aleksandr Kerensky. Durante o período que se seguiu ao triunfo da revolução bolchevique em 1917, o novo regime teve de adoptar drásticas medidas para enfrentar a invasão de 13 países e do exército branco da burguesia interna para defender a sua revolução. Uma das providências mais duras foi a submissão forçada dos camponeses aos objectivos militares e em favor dos operários urbanos. Milhões de camponeses da região do rio Don, na Ucrânia, morreram de inanição entre 1918 e 1920, quando o exército confiscou os grãos necessários à manutenção dos trabalhadores nas cidades. Esta política que seria levada ao extremo num período posterior, o da colectivização forçada e da implementação dos planos quinquenais.

A URSS havia começado com a conquista do poder pelo Congresso dos Sovietes, dirigido pelo partido bolchevique. Toda a terra seria nacionalizada e seria constituido o Conselho dos Comissários do Povo , que actuaria como primeiro governo dos trabalhadores e dos camponeses presidido por Lenine. Os sovietes garantiram o direito à igualdade e à autodeterminação das inúmeras nacionalidades.

Mas as potências mundiais estrangeiras não viam com bons olhos o triunfo da revolução bolchevique e decidiram sufocá-la. Apesar dos reveses iniciais, os bolcheviques conseguiram repelir os ataques dos invasores e do exército branco no início de 1920, quando o incipiente Exército Vermelho iniciou a contra-ofensiva. A guerra com a Polónia terminou com a assinatura, em 1921, do Tratado de Riga, e a Guerra Civil, após a expulsão das tropas de ocupação japonesas da Sibéria Oriental, no final de 1922.

 Entre 1918 e 1921, num período denominado de “comunismo de guerra”, o Estado assumiu o controlo de toda a economia. Este processo e a inexperiência dos dirigentes provocaram ineficiência e confusão na economia. Em 1921, houve um retorno parcial à economia de mercado com a adopção da NEP (Nova Política Económica), que produziu um período de relativa estabilidade e prosperidade.

No plano político, o tratado de paz com a Polónia, as declarações de independência da Finlândia, Estónia, Letónia e Lituânia e a anexação da Bessarábia pela Roménia reduziram significativamente as dimensões do antigo Império Russo, estabelecendo o que os governos dos países da Europa Ocidental chamaram de "cordão sanitário", separando a Rússia comunista do restante da Europa. Lenine aceitou temporariamente essa quarentena e tratou de reparar os danos causados pela guerra civil.

Em 1922, a Alemanha reconheceu a União Soviética (Tratado de Rapallo), sendo seguida pela maioria dos Estados ocidentais - com excepção dos Estados Unidos, que só fizeram o mesmo passados dois anos. A constituição adoptada em 1924 baseava-se teoricamente na ditadura do proletariado e era economicamente fundada na propriedade pública da terra e dos meios de produção de acordo com a proclamação revolucionária de Outubro de 1917.

Só em 1928 teve início um período de economia planificada dirigido pelo Comité de Planificação Estatal (GosPlan, criado em 1921), colocando em prática o primeiro dos planos quinquenais aplicados por Estaline. Os objetcivos básicos eram transformar a URSS de um país agrícola numa potência industrializada, completar a colectivização da agricultura, transformar profundamente a natureza da sociedade e preparar-se militarmente contra agressões externas que se avizinhavam.

Fontes: Opera Mundi

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