Das pastorinhas
Não mudamos
nem o Natal
só o mundo é mudança
feita a esperança
O
Menino
face a face
do oculto renasce
desfaz a errada realidade
Natal
tão mais remoto que o passado
íntimo mais que o presente
que o pensar e sentir da gente.
Só igual ao futuro amor
recomeçado.
Quatro poemas sobre o burro e o boi no presépio
Onde se aviva a doçura
de um pouco de úmido e relva;
de alma?
Mas a própria luz
que os circunfulge
recebe
das brancas frontes
intactas de afeto, tontas,
algo que faltava
à sua excessivamente concreta
pureza.
Quentes limites de Deus,
rudes, ternos anteparos.
Apenas as grandes cabeças:
mas tão de joelhos
quanto os pastores
os anjos
as estrelas
a Virgem.
II
Querúbicos.
Irônicas imagens.
Vibrar de fulgor floresce-lhes de esfinge os vultos
- à hora atônitos. Como
ante uma infração da ordem que aceitaram.
Acordam, meio a um momento.
Eles têm o segredo?
III
A fábula de ouro, o viso, o
Céu que se abre,
chamaram-nos de seu sono ou senso sem maldade.
Tão ricos de nada ser, tão seus, somente.
Capazes de guardar
no exigido espaço
a para sempre grandeza
de um momento.
Com sua quieta ternura,
ambos, que contemplam?
Sabem.
Nada aprendem.
IV
Serão os pajens da Virgem,
ladeiam-na
como círios de paz,
colunas
sem esforço.
Taciturnos
eremitas do obscuro,
se absorvem.
Sua franqueza comum equilibra frêmitos e gestos
circunstantes.
Os animais de boa-vontade.
Sem comentários:
Enviar um comentário