sexta-feira, 31 de julho de 2015

POESIA

«Sou um mistério.

Vivo as mil mortes
que todos os dias
morro
fatalmente.

Por todo o mundo
o meu corpo retalhado
foi espalhado aos pedaços
em explosões de ódio
e ambição
e cobiça de glória.

Perto e longe
continuam massacrando-me a carne
sempre viva e crente
no raiar dum dia
que há séculos espero.

Um dia
que não seja angústia
nem morte
nem já esperança.

Dia
dum eu-realidade.

- António Agostinho Neto»

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