segunda-feira, 28 de julho de 2014

APLICAÇÕES RUSSAS

«De iPhones a carros importados, conheça os produtos que utilizam materiais e equipamentos russos

28/07/2014 Maria Karnaukh, especial para Gazeta Russa
A Gazeta Russa selecionou quatro setores comerciais nos quais a participação da produção russa é essencial.

A Apple compra metais raros e preciosos de onze empresas russas.

Muitos consumidores nem desconfiam que nos objetos que usam todos os dias, seja um automóvel francês da Renault ou um iPhone americano, há um pedacinho da Rússia. A Gazeta Russa selecionou quatro elementos das exportações russas necessários à produção em setores tão diversificados como o aeronáutico e a fabricação de telescópios.

Metais russos nos smartphones
Destinamos a seguinte informação especialmente aos usuários de iPhone: o fato desse dispositivo ser tão fino e compacto deve-se às indústrias químicas e metalúrgicas russas. “A Rússia exporta o elemento químico tântalo, que permite produzir baterias em miniatura”, explica Aleksandr Voljinski, engenheiro-chefe de projetos da empresa Informzaschita (InfoSec).
A Apple compra metais raros e preciosos de onze empresas russas, segundo dados do relatório da empresa apresentado à Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA.  Oito indústrias de processamento de ouro, incluindo a indústria de processamento de ligas especiais de Moscou, fornecem o metal para a empresa para a fabricação de tablets, telefones e outros gadgets.
Além disso, a Apple compra tungstênio e estanho de fabricantes russos. O estanho, por exemplo, é usado para a soldagem de peças. De acordo com uma fonte da empresa consultada pela Gazeta Russa, os metais não ferrosos da Rússia têm grande demanda não só na Apple. Ouro, estanho, tântalo e tungstênio são utilizados pela empresa americana Lear Corp, que produz assentos de automóveis e aeronaves e seus componentes, sistemas de carga e diagramas de fiação, entre outros produtos. Os mesmos componentes são utilizados pela Garmin Limited, fornecedora americana de navegadores GPS.
Titânio russo sob a asa do avião
As corporações Boeing e Airbus também são consumidoras de metais russos. Na produção de seus aviões, elas usam titânio, um metal durável, leve, refratário e resistente à corrosão e ao calor, características insubstituíveis na produção de peças para aeronaves. Ao entrar em um avião, é possível ver as esquadrias das portas e escotilhas em cuja fabricação o titânio é utilizado. O piso do compartimento de carga é feito desse metal, assim como a parte externa do corpo do avião – revestimento externo da turbina, componentes da asa e peças do chassi.

Foto: AP
A Rússia possui a segunda maior reserva de titânio do mundo, superada apenas pela China. E a corporação VSMPO - Avisma é a mais importante produtora russa de ligas e produtos de titânio e principal fornecedora das fabricantes de aeronaves estrangeiras. A empresa europeia Airbus preenche 60% de sua demanda por titânio com os produtos russos e a empresa americana Boeing, 40%.
Entre os clientes da VSMPO - Avisma também está a empresa canadense Bombardier Aerospace. A empresa russa se recusou a fornecer dados sobre o lucro e o volume de vendas referentes aos contratos vigentes, alegando ser segredo comercial. Entretanto, depois que a empresa assinou, em 2009, um contrato de US$ 4 bilhões com a Airbus, a receita proveniente dos produtos de titânio cresceu aproximadamente duas vezes, passando de 21 bilhões de rublos (US$ 603 milhões) em 2010 para 42,7 bilhões de rublos (US$ 1,2 bilhões) em 2013, de acordo com o demonstrativo da empresa.
Sob a prensa russa
Graças a um equipamento russo, os automóveis franceses e japoneses assumem sua forma familiar aos consumidores. Portas, tetos, capôs e porta-malas são moldados em chapas de metal por pesadas prensas mecânicas produzidas pela Tiajmekhpress (TMP, na sigla em russo), única empresa especializada no ramo na Rússia. 

Essas prensas são utilizadas em 54 países ao redor do mundo, nas fábricas da Renault e Peugeot, na França, da Toyota e da Mitsubishi, no Japão, bem como da Samsung, na Coreia do Sul, e da Tata Motors, na Índia. "A maior forja da Europa, a Forges de Courselles, na França, que trabalha para toda a indústria automobilística europeia, está totalmente equipada com as nossas máquinas”, enfatizaram representantes da empresa russa.
Ao todo, existem no mundo 20 tipos de prensas que são usadas para moldar os componentes da carroceria dos automóveis. Dez deles foram desenvolvidos pela empresa russa. De acordo com demonstrativo oficial da TMP, em 2013, o lucro bruto da empresa totalizou aproximadamente 104,3 milhões de rublos (cerca de US$ 2,9 milhões). A empresa recusou-se a revelar seu volume de vendas para o exterior.
O reflexo russo das estrelas distantes
Ao apreciar as estrelas através do telescópio do Observatório Real de Greenwich, no Reino Unido, não se esqueça: sem os equipamentos russos você não poderia ver os planetas distantes. Os espelhos principais dos três telescópios britânicos, com diâmetro de dois metros cada um, foram criados na fábrica de vidro óptico Litkarinski - LZOS.
Ali também foi produzido um conjunto de espelhos astronômicos para a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, o espelho principal do telescópio do Instituto Heidelberg Max Planck, na Alemanha, e os espelhos principais dos telescópios do projeto VST na Itália, que ficam no observatório astronômico da cidade italiana de Nápoles, bem como um espelho usado no Observatório Nacional de Atenas. De acordo com uma fonte da empresa, a LZOS fornece equipamentos para cerca de 30% de todo o mercado mundial de óptica de alto nível.
Segundo a explicação dada por uma fonte à Gazeta Russa, para a fabricação de vidros de diâmetro grande é utilizado o sitall (vitrocerâmica), um material termicamente estável, transparente, resistente e muito leve (mais leve que o alumínio), que acelera significativamente a produção de espelhos. Apenas duas empresas no mundo possuem a tecnologia de produção do sitall.
Além de lentes para telescópios, a LZOS produz equipamentos militares, incluindo dispositivos de visão diurna e noturna para o sistema de observação em veículos blindados, que têm grande demanda no exterior. Os representantes da companhia se recusaram a fazer comentários oficiais.»
Fonte: Gazeta Russa

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