quarta-feira, 11 de junho de 2014

YURI ANDROPOV

«URSS formou um dos serviços secretos mais eficientes do mundo
Yuri Andropov desempenhou durante quinze anos as funções de chefe do Comitê de Segurança do Estado (KGB) da URSS, transformando a contrainteligência soviética num dos mais poderosos serviços secretos do mundo, criando um mecanismo perfeito de garantia da segurança do país e fundando o grupo Alfa, uma famosa unidade especial antiterrorista na Rússia.

Antes da chegada de Yuri Andropov à praça Lubyanka (sede do KGB), em 1967, a estrutura representava em si uma combinação de velhas tradições do NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos) e de novas tarefas ditadas por novos tempos. O Comitê resolvia tanto suas missões diárias de contrainteligência, como desempenhava os chamados “serviços especiais” no interesse de um ou de outro agrupamento do Kremlin. Com o aparecimento de Andropov na praça Lubyanka, a situação passou a mudar, diz o presidente da Associação de Veteranos do Antiterror Alfa, Serguei Goncharov:
“A luta que se desenvolveu nos altos escalões do poder após a morte de Josef Stalin causou certos prejuízos ao sistema de segurança estatal. Algumas pessoas até tentaram utilizá-la em seus interesses pessoais. Mas, com a chegada de Andropov, tudo foi posto exclusivamente ao serviço do Estado. Andropov era grande estadista que, mesmo tendo uma grave doença, sempre se encontrava no trabalho e conhecia o que ocorria em seu enorme departamento”.
Yuri Andropov deparou com uma tarefa muito difícil, devendo dirigir uma estrutura de segurança sem ter uma experiência de trabalho nela. Mas à conta de suas capacidades analíticas e organizativas, ele conseguiu pôr em ação um novo formato universal do sistema do KGB, recorda Alexander Mikhailov, membro do Conselho para Política Externa e Defensiva:
“Se precisassemos de uma pessoa de formação musical, optamos por um músico. Se fosse preciso um economista de alta classe, poderiam convidar tal pessoa que trabalhava posteriormente com sucesso em nossas estruturas. O mesmo acontecia por toda a parte. Muitos departamentos foram formados exclusivamente de profissionais, porque naquela altura não houve estabelecimentos de ensino especiais à exceção da Escola Superior do KGB que preparava só o pessoal operacional. Por isso nomeavamos diretamente só as pessoas de que necessitávamos e que podiam cumprir as tarefas necessárias”.
Os resultados dessa atitude não foram longamente esperados, acrescentou Alexander Mikhailov. Em suas palavras, o principal foi uma alta motivação dos efetivos do KGB dos tempos de Andropov:
“As pessoas que prestavam serviço sob a direção de Andropov entendiam a importância das tarefas estatais que cumpriam. Sentimos um forte apoio detrás das nossas costas, entendendo que as tarefas colocadas não ultrapassam o quadro da lei e perseguem o objetivo de reforço do Estado. Posteriormente, o diretor da CIA dizia que o KGB havia arruinado a rede de residentes americanos na URSS”.
O Comitê não deixava também sem atenção a vida no interior da URSS. Nomeadamente nos tempos de Andropov foi formada a tristemente conhecida 5ª Diretoria que recebeu várias alcunhas no meio de dissidentes soviéticos. Tendo por missão proteger as bases do regime socialista, num momento a 5ª Diretoria se entusiasmou muito com o apoio à pureza ideológica da sociedade soviética e deixou escapar de fato a ruína de todo o sistema. Em termos gerais, ao que tudo indica, a formação de uma diretoria do KGB para o combate à dissidência política foi condicionada por sustos de Andropov, que o dominaram após a rebelião na Hungria em 1956, onde Yuri Andropov era embaixador, aponta Serguei Goncharov:
“Andropov entendia perfeitamente que o nosso sistema de pós-guerra de implantação de condições da construção do comunismo em outros países foi pouco eficaz. A meu ver, Andropov pretendia manter a URSS como líder dessa ideologia. Por isso foi formada a 5ª Diretoria que envidava todos os esforços para não perder essa ideologia e avançar na direção que parecia justa a Andropov. Mas a história provou que houve erros que levaram à destruição do sistema”.
Contudo, no período de direção do KGB, Andropov tomou uma decisão cujo valor é reconhecido por todos os peritos na área da segurança. Quase há 40 anos, em 29 de julho de 1974, foi criado o grupo Alfa, primeira unidade antiterrorista na União Soviética e na Europa de leste. Formado dos melhores efetivos operacionais, o grupo Alfa se preparava ainda nos tempos relativamente calmos para combater contra aquilo que, passados uns 15 anos, seria acontecimento terrível de cada dia.
Enquanto sequestros de reféns e aviões e atentados terroristas de chocante crueldade só foram prognosticados por alguns analistas, Andropov não quis esperar, tal como em outras esferas da atividade do KGB, decidindo dar um passo antecipado. Possivelmente, é nomeadamente por esta causa que Andropov se considera até hoje a figura mais respeitável tanto entre veteranos, como efetivos das estruturas da segurança.»
Fonte: Rádio Voz da Rússia

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