quarta-feira, 11 de junho de 2014

YURI ANDROPOV

«Secretário-geral Andropov: tempo de esperanças vãs
Yuri Andropov alcançou o cume da hierarquia de poder na União Soviética, tornando-se secretário-geral do Comitê Central do PCUS após a morte de Leonid Brezhnev. Mas Andropov dirigiu o país não muito tempo, um pouco mais de um ano. O que pretendia mudar Yuri Andropov na vida da URSS e o que conseguiu realizar?

Com a morte de Brezhnev em 1992, na União Soviética terminou uma das etapas históricas emblemáticas – o chamado “período de estagnação”. Naquela altura, metástases da crise do sistema estenderam-se praticamente para todas as esferas da vida do Estado.
A economia dependia fortemente do petróleo e do gás, a agricultura não conseguia satisfazer as necessidades em víveres, a indústria podia vangloriar-se apenas de artigos militares, enquanto a qualidade dos produtos restantes caia inalteravelmente. Degradavam também os ânimos na sociedade. O sistema da planificação estatizada não exigia que as pessoas lutassem pela qualidade da produção, ao mesmo tempo que fluxos de petrodólares permitiam tapar os buracos evidentes na economia com a ajuda de compras no estrangeiro.
Nesta situação, Yuri Andopov decidiu que todos os problemas poderiam ser resolvidos através do reforço generalizado da disciplina. Mas, como se esclareceu mais tarde, a iniciativa foi errada, aponta Leonid Mlechin, telejornalista e escritor russo:
“Ao tornar-se secretário-geral, o próprio Andropov reconheceu ser ingênuo na economia, não podendo propor quaisquer soluções econômicas. O único que poderia sugerir foi a necessidade de apelar as pessoas à disciplina. Não teve simplesmente uma outra resposta”.
Contudo, Andropov entendia muito melhor a necessidade de erradicar mais um sério problema: a sociedade soviética, sobretudo seus círculos autoritários e partidários, tinha sido corrompida pela corrupção. O novo secretário-geral optou bruscamente por liquidá-la, lembra Viktor Kuvaldin, professor e antigo funcionário do Gabinete do Comitê Central do PCUS:
“A luta contra a corrupção foi a ideia fixa de Yuri Andropov. Entendia perfeitamente que ela foi uma ameaça mortal para o regime soviético, levando à sua plena degeneração. Neste sentido, ele era muito duro e irreconciliável”.
Mas, infelizmente, Yuri Andropov não conseguiu fazer muito nessa luta. A abertura do “processo do algodão”, o fuzilamento do diretor da loja Elisseev em Moscou e alguns outros casos ressonantes sobre a corrupção e roubos em altos escalões de poder foram uma salva de despedida do secretário-geral intransigente. Andropov não conseguiu fazer mais nada.
Não conseguiu também mudar a política externa da União Soviética. No início dos anos 80, a Guerra Fria entre a URSS e os EUA entrou numa nova volta e muitas pessoas tanto na União Soviética como nos Estados Unidos tiveram medo de que começasse uma guerra nuclear. Foi este medo que impulsionou a simples jovem americana Samantha Smith a escrever uma carta a Andropov.
Apesar de Yuri Andropov ter respondido a Samantha Smith e de ela própria ter visitado a URSS e ter dito após a viagem aos seus compatriotas sobre os soviéticos que “eles são como nós”, o verdadeiro desanuviamento nas relações entre Moscou e Washington ainda estava longe.
Uma das causas disso foi também o predomínio de pessoas de idade avançada no poder. Andropov não pretendia liquidar a confrontação com o Ocidente, mas ele considerava muito importante rejuvenescer o poder soviético. Assim, Mikhail Gorbachev viu-se incluído na lista de pretendentes ao posto supremo no país graças aos esforços de Yuri Andropov. Diz Viktor Kuvaldin:
“Ele entendia que não apenas o país esgotou seu potencial, mas também a sua liderança se tornou senil. Andropov entendia que é necessária uma nova geração capaz de reanimar o sistema, dando-lhe o segundo fôlego. Andropov teve vontade de transferir diretamente o poder a Gorbachev e, com certeza, faria isso se não ter morrido repentinamente.
Mas isso não aconteceu e, como afirmam historiadores, não teria grande sentido. Quando Gorbachev assumiu a direção da URSS e optou pela Perestroika e a aceleração, da qual falara ainda Yuri Andropov, a União Soviética não resistiu a essa aceleração e acabou por desintegrar-se.»
Fonte: Rádio Voz da Rússia

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